segunda-feira, 28 de março de 2011

Por ela não querer ser de mais ninguém

Ela é muito melhor do que o contorno perfeitamente alinhado do espectro de sonho que tive todas as noites antes de conhecê-la. A cada minuto que passo ao lado dela, sinto a perfeição divina me tocando. Ela me abençoa com o seu sorriso.
Ela é tudo:

Meu melhor beijo;
Meu retrato;
Minha realidade;
Meu número.

E agora ela é minha.





__
Feliz do homem que sabe valorizar uma mulher. Poder chama-la de sua não pelo sentimento de posse, mas por ela não querer ser de mais ninguém.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Exorcizando os medos

Eu tenho medo do futuro, e de tudo que ele a pertence, pois tudo o que me pertence, pertence mais a ele do que a mim próprio.

Parafraseando Oswaldo,
Eu hoje acordei tão só, mais só do que eu merecia...
Olhei pro meu futuro e... há! Eu vi o que eu mais queria.
Tinha Ela, Meu número.
Mas era de vidro, cristal...
Que ao menor vento oscila, como a calça de brim desbotada no varal.

No universo do medo, qualquer vento é furacão.
Siga seus sentimentos, dizia ela, com a simplicidade que se deve ter.
Vou exorcizar meus medos, pensava eu,
Tenho que acordar com ela, tão dela, todos os dias!

Sendo assim, fica aqui registrado que nada será em vão
E que o meu medo seja perdoado, e se transforme na calma e na paz que eu mereço.
Que a simplicidade dela seja exemplo, e que eu consiga seguir.
Que a gente lute até o fim.
Que a nossa guerra seja pela felicidade.

E principalmente, que depois da luta, o futuro pertença a nós, e não a ele próprio.

Porque eu não vou te perder baby, no way!

sexta-feira, 19 de março de 2010

Meu número

Era como se meus lábios a tivessem desenhado
Cada contorno perfeitamente alinhado como no espectro de sonho que tive todas as noites
Ela era como se a terra tivesse dado frutos, finalmente!
Ela era tudo:

Meus lábios;
Meu desenho;
Meu sonho;
Meu número;

Só não era minha.

sexta-feira, 5 de março de 2010

Ela

Ela é a sensibilidade de quem entra sem pedir licença
E mesmo assim é sutil.
Ela é quem eu gostaria que fosse somente minha
Mas é ela, somente dela
Talvez um dia, seja Léla
Minha.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Eternamente - Parte 2

"Mas enquanto você não vem
Cuido do seu jardim
Colho derrotas régias no seu quintal
Delírio silêncio
Derrubo palavras no seu jornal"
(Rafael Zarpellon)

     Eu espero que ele entenda que não é amor de menos, é amor de mais, é por isso, só por isso. A paixão foi parar em algum outro lugar e sem paixão, sem paixão ninguém consegue viver. A calmaria é insuportável, eu preciso do grito, do soco, daquele agito dentro de mim que não vive mais ao lado dele. Eu espero que ele entenda, eu espero que ele não fique lá na frente daquela caneca de café gelado relembrando e remoendo... Entenda, por favor, que o que a gente viveu todos esses anos foi amor, mas...
     Olha, eu sei que eu vou voltar, eu sempre acabo voltando, mas é que dessa vez, algo mudou, dessa vez eu percebi que com ele, com ele eu tento reviver aqueles anos, os primeiros anos, as cartas, os beijos escondidos, nós éramos um, juntos nós éramos tudo, nós podíamos tudo e passamos por cima de muita coisa pra ficarmos juntos, só eu sei do que ele abriu mão pra ficar comigo, quando foi que toda essa paixão acabou? Quando foi que as cartas viraram um simples bom dia?
     Eu me perdi no meio do caminho, e quando eu olho pra ele, eu só consigo lembrar quem eu era, e eu tento desesperadamente voltar a ser o que eu era. Hoje, ao lado dele, eu me procuro, eu me procuro arduamente no meio dos pelos, dos olhos... Nos braços dele eu procuro repousar a cabeça que eu tinha há vinte e poucos anos atrás.
     Viver assim sufoca.
     Eu sei que entrar naquele avião não significa que tudo vai mudar, eu acho que eu não quero que as coisas mudem, eu tenho medo que isso aconteça. A verdade é que agora eu preciso ficar um pouco comigo, só comigo, não estou voltando por causa de outro, nem pra tentar achar outro, até por que ele é único, foi a única pessoa que conseguiu me entender, nós somos iguais, dois da mesma espécie, ele dizia que só com alguém da mesma espécie eu ia conseguir compartilhar o mesmo teto, e é, é isso, ele está certo.
     Ele sempre está certo. Ele também não agüentaria outra pessoa que não fosse eu!
     A questão é que agora eu preciso me achar, eu preciso de mim mais do que eu preciso de você, ME ESCUTA, merda, eu queria que ele estivesse aqui pra eu poder gritar: “é amor de mais baby, é muito amor, é tanto amor que eu não me amo mais...”

-Continua-

(Escrito por Julia Bottini)

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Eternamente - Parte 1

"Dizem
Que apesar de todas as barbaridades
E de todas as nossas desavenças
Ser feliz nos custou a verdade
E a verdade apagou nossas crenças"
(Rafael Zarpellon)

     Enquanto ela voltava para Paris, o meu café esfriava na caneca que estava sobre a mesa. Estava frio naquele dia. Era Julho, inverno de 83. A minha mão pousou sobre a máquina de escrever, o pensamento vagava no silêncio inerte do meu escritório. Não conseguia deixar de pensar no quanto ela me fez feliz naqueles longos anos em que estivemos juntos.
     A estante a minha frente me remetia a lembranças boas, mas que eu não queria lembrar. Ela era de madeira grossa e escura, talhada pelo tempo. Ganhei da minha avó quando eu entrei na faculdade. Meu avô era marceneiro e fazia peças de madeira que duravam uma vida inteira. Os livros que ali estavam ainda eram da época em que eu a conheci.
     Era uma manhã clara, com céu azul e clima ameno. Era o primeiro dia de aula depois das férias do verão de 61. Eu caminhava pelo pátio da faculdade indo em direção a sala de aula, era meu segundo ano, e eu estava decidido a me empenhar mais, já que as minhas notas no ano anterior não foram tão agradáveis. Como era o primeiro dia, os calouros estavam agitados e empolgados por entrarem na faculdade. Eles formavam uma grande aglomeração na porta de entrada, conversando alto e rindo, meio nervosos pela angústia de não saber o que viria pela frente. Normal, eu tinha passado por isso, pensei comigo mesmo.
     Não fosse por ela, esse dia seria contabilizado como mais um dia normal na minha vida.
     Eu não era um rapaz que se podia dizer que tivesse muito sucesso com as mulheres. Talvez não pela aparência física, mas pela timidez que sempre fez parte da minha personalidade. O máximo que eu fazia quando via uma mulher bonita era abrir a boca, era o começo do esboço de uma admiração. Mas dessa vez foi diferente. Quando eu a vi passando por mim com aqueles cabelos negros, pele alva e de aparência macia, meu mundo parou. Naquele instante eu tive a certeza de que teria de tomar alguma atitude. O seu perfume entrou pelas minhas narinas assim como uma música clássica entraria nos ouvidos do meu pai - ele adora músicas clássicas, e eu herdei o seu bom gosto -, meus ouvidos filtraram o barulho da multidão, fazendo-me ouvir somente o vento.
Nunca vou esquecer daquele cheiro, e muito menos daquele dezenove de março de mil novecentos e sessenta e dois...

-Continua-

(Escrito por Rafael Zarpellon)

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Good Morning


Hoje eu acordei sem sono, com vontade de sumir
A minha vida passou de um livro aberto pra jornal de ontem que você não leu
A minha cara tá amassada, pelo lençol e pelo sol, que me soca todas as manhãs
Hoje eu acordei sem vontade de mudar o mundo
Com a serenidade de quem fica velho e vai perdendo a esperança
Vou ficando cada vez mais homem, e dia após dia menos criança
Hoje eu acordei sem fé, nunca vi um milagre
Não tenho mais os mesmos velhos olhos brilhantes, que acreditavam no amor
Ele se foi, junto com a maior parte dos meus sentimentos bonitos
Hoje eu acordei sem alma
Eu a vendi na primeira encruzilhada do primeiro pesadelo da noite
O cara pra quem eu vendi me chamou de inconsequente
Mas o que é a inconsequência quando só se resta os dias e a mente? Demente!
Hoje eu acordei com a razão
E não me importa o que seus atos falhos me digam
Eu não vou escrever a mesma velha história
E nem errar os mesmos erros
Aliás, hoje eu acordei sem história, e sem disposição pra criar uma
Talvez eu viva e volte pra contar
Talvez eu seja eterno por ela
Talvez eu escreva um livro pra dizer
Que hoje eu acordei sem você
E quando você comprar o jornal de ontem, estará atrasada baby
Porque ontem eu não existia
Mas hoje...
Hoje eu acordei!