domingo, 27 de dezembro de 2009

On the way

Você me disse que os laços eram feitos de aço, acreditei, minha ingênuidade perene me fez perder metade da vida acreditando em promessas. Como o fogo que fere a carne, saí machucado todas as vezes.
Mas por todas as vezes, eu juro que tive coragem, enfrentei de peito aberto as cinzas, o cinza do tempo que eu sempre vi no meu horizonte todas as vezes que eu estava com você.
Foi então que resolvi gravar no peito meu próprio nome, uma era de luz estava prometida. Saí pelo mundo pintando o meu destino. Eu disse sim, ponderadamente e frequentemente.
Mas isso não é o suficiente, nunca foi, e não bastou.
Estrategicamente do outro lado do peito ficou um espaço vazio. Apesar de ter aderido à luz, não pude deixar de crer em minhas convicções.
E então, quando a sua luz colorida vier se juntar a minha amarela fosca, eu gravarei todas as letras do seu nome, e apagarei a luz. No escuro dos seus olhos eu sei que há vida.
Mas até lá, pelo caminho, eu levarei a minha luz, pra quem quer que queira, pra quem quer que seja. Estou a caminho. On the way...

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Da série textos antigos II - 09/09/2008

A medida ideal

Definitivamente não existe a tranquilidade ideal. Até o mar quando está calmo marola sem parar. Penso agora a vida sempre assim, água em ebulição ou gelo seco sem direção. Tanto faz. O certo é que o amor não é sinônimo de paz.
Planos sim, são ideais, mas não adianta planejar, não. O amor que você dá pode ser pouco ou demais.
Qual é então, a medida exata da paz?
É a paz que me faz otimista até demais, um pouco exagerado, deveras doce, um eterno apaixonado. Talvez eu seja isso, um sujeito pra casar, um cara assaz tranquilo, mas que definitivamente, não sabe a medida exata de ser.
Então não me leve a mal se eu errar no tempero, se seus olhos casarem com os meus antes da hora. Se eu sou a paz, você é a guerra afinal.
E talvez essa seja a medida ideal.

Da série textos antigos I - 25/03/2006

Desculpe, baby.
O seu mundo é maior do que o meu, o seu destino é fabuloso. Sua estadia no brasil é apenas uma aventura, o seu affair é com Paris, Nova York e Milão. Sua vida é um longa metragem cheio de drama, mas com os melhores produtores, contra-regras, cinegrafistas e coreógrafos. Seus textos são a obra prima da inteligência e da cultura. Seu nome por si só já lhe eleva ao mais belo altar que lhe é merecido.
Que pena, baby.
Nasci pra ser simples, pescar na beira do rio e soltar pipa na rua. No meu calendário não tem carnaval. Minha vida é pacata, tenho a paciência que me cabe perante a correria das metrópoles. Não tenho nome de galã e minha Paris é a padaria da esquina.
Não é bem assim, baby.
Essa paixão não foi eu quem quis, eu nasci é pra ser feliz. Quero a loucura e a sensatez de um abraço seguro. Não, o seu filme não combina comigo, eu não quero ser o seu amigo, se não for pra viver na calmaria do seu abrigo, vou ficar com a solidão do meu próprio umbigo.
Baby.
O seu roteiro é bem melhor do que o meu. Sua vida tem o sabor dos chás de londres, e a minha, baby, da pinga de um bêbado fracassado andando pelas ruas da minha Paris.

domingo, 4 de outubro de 2009

Presença

Estou sempre presente, até hoje não me lembro de um dia que não senti o peso de estar presente.
Às vezes eu queria me livrar de mim mesmo, só pra ver como é que é...
... mas de você eu não quero distância!

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

A rainha das antagonias

Quão belo é o ser-humano
que ama no próprio nome
ama o mundo e vive amando.
Viva Amanda!

O Vento

Sua vida escrita num papel amassado, com listras e sem emendas. Ele não escolheu, mas gostou mesmo assim, afinal, foi o vento quem havia trazido, ele só continuou a escrever.
Escrevia com vontade, nada mais lhe abalaria. Ele tinha decidido viver por si só, tatuou no peito o próprio nome.
Viveu demais, escreveu jornais, poesias, e principalmente sua vida. Poucos o liam, é verdade, mas também pouco importava.
Quanto custou ter esquecido? Quanto vale alguém que faz o que diz? Quantos domingos ele chorou? E quantas vezes só o silêncio respondeu?
O livro das respostas só tinha perguntas, e o papel amassado, com listras e sem emendas, voou com todas elas. Ele não escolheu, mas gostou mesmo assim, afinal, foi o vento quem levou.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Shining Eyes

Nunca terminou.
E o abraço reviveu a cena que nunca pararia não fosse a luz ardente nos seus olhos, que brilhavam. Sempre brilhavam. Naquela época a brevidade dos momentos eram eternos pra se dizer o que queria. As palavras que não saiam da boca hoje escrevo no seu jornal. Mas apenas escrevo. Ninguém vê o que me parece óbvio por linhas auto-explicativas, talvez por serem estas as linhas do tempo, ou imaginárias, nas quais penduro pedaços desse quebra-cabeça sem luz, fotos ou apenas roupas velhas e coloridas, mas nunca palavras ditas. Roubo a cena e acendo um cigarro. Enquanto não lembro-me que não fumo, veio a tona o que nem era tão óbvio assim: Apertei o pause quando eu menos esperava que pudesse fazê-lo, e o abraço que ficou pelo caminho no hiato que se formou, é o mesmo, que nunca terminou.
Apaguei o cigarro, não faz diferença.
Os meus velhos olhos vermelhos contrastam com os dela que ainda brilham.
E sempre brilham.

(Rafael Zarpellon)

Maria Madalena

- A maria me passa trocentas músicas, e eu não gosto de nenhuma. Falo na cara.
- Ela fica puta.

- Mas a Maria é a Manoela? Maria Manoela é o nome dela?

- Sim, Maria Manoela.
- Para os outros é Manu, pra mim é Maria.

- Gostei que você a chama assim.

- Por quê?

- A Laís se chama Laís, mas a vida inteira eu a chamo de Madalena.
- E se eu a chamo de Laís, ela trata logo de ficar brava.
- É só Mada ou Madalena.
- A gente tem que chamar pelo que a pessoa é pra gente.
- O nome dela é dela, mas Maria é pra você muito mais que Manoela.
- Assim como Madalena é pra mim muito mais que Laís.

- Maria soa mais forte, é assim que eu vejo ela.

- É por isso que eu gostei que você chame ela assim.

(E assim o que é para os outros nem sempre é para mim, nesse dia Maria Madalena reviveu, e a cena parou num abraço que nunca terminou.)

Skyline

Se a luz dos seus olhos seguisse o destino e cruzasse os meus
A coluna outrora vazia preencheria a lacuna dos versos incompletos
Se entrepondo na linha tênue que separa eu e você
A mesma que diz-se dividir o hoje do amanhã
E o horizonte do mar.
Ficaria assim a poesia eternamente responsável por aquilo que conquistou

Mas enquanto você não vê, cuido do seu jardim
Colho derrotas régias no seu quintal
Delírio silêncio
Derrubo palavras no seu jornal
Até que esse quebra cabeça se monte
A peça que falta é sempre a final.

Rafael Zarpellon

Rockzinho

Na rádio aquele rock
Que me faz lembrar de você

Meu bem você se foi
Mas deixou seu rock comigo
Maldito seja o rock
Que vive a me por em perigo
Maldito seja o rock
Que teima em tocar o seu hino

Todo dia eu me apaixono
mas é sempre tudo igual
Nenhuma me entorpece
Como o seu veneno mortal
Imoral

Mas meu bem, veja bem, estou bem
Meu bem eu não quero voltar
Eu só quero é ouvir o meu rock
E ouvir até transbordar

(Rafael Zarpellon)

O que eu escrevo não é necessariamente o que eu penso. Os textos são interpretativos. Entendam o que quiser. O real significado, se houver, fica pra mim.

Sem pudor

Quem tem boca, fala. Não se cala. E se houver silêncio, que seja.
Eu prefiro sem maquiagem, a verdade. Eu prefiro quando acorda. Eu gosto da juba dela, porque é ela! Eu tinha me esquecido do quanto eu gosto da verdade, do escracho, da falta de pudor.
Eu gosto bonita, cheirosa…
Mas gosto sem maquiagem!

Never will be mine

Andando por uma rua vazia
Esperando por uma mulher que nunca será minha
Meu tempo, minha história
Que jamais alguém contaria
Pouca glória
-
Da parte que me cabe, jaz a cachaça ao meu lado
Da parte que me sobra, a esperança vazia
Da parte que me falta, a rua
A rua perdida
Esperando por uma mulher
Que nunca será minha

(Rafael Zarpellon)