Nunca terminou.
E o abraço reviveu a cena que nunca pararia não fosse a luz ardente nos seus olhos, que brilhavam. Sempre brilhavam. Naquela época a brevidade dos momentos eram eternos pra se dizer o que queria. As palavras que não saiam da boca hoje escrevo no seu jornal. Mas apenas escrevo. Ninguém vê o que me parece óbvio por linhas auto-explicativas, talvez por serem estas as linhas do tempo, ou imaginárias, nas quais penduro pedaços desse quebra-cabeça sem luz, fotos ou apenas roupas velhas e coloridas, mas nunca palavras ditas. Roubo a cena e acendo um cigarro. Enquanto não lembro-me que não fumo, veio a tona o que nem era tão óbvio assim: Apertei o pause quando eu menos esperava que pudesse fazê-lo, e o abraço que ficou pelo caminho no hiato que se formou, é o mesmo, que nunca terminou.
Apaguei o cigarro, não faz diferença.
Os meus velhos olhos vermelhos contrastam com os dela que ainda brilham.
E sempre brilham.
(Rafael Zarpellon)
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